O maior impacto na vida do paciente com transtorno de personalidade é nos relacionamentos-qualquer um: amizade, familiar, trabalho e relacionamento amoroso.
Existe uma definição geral para todos os transtornos de personalidade que é muito importante: porque se o paciente não atender a esse critério, ele não tem transtorno de personalidade e pensaremos em outras hipóteses:
Transtornos de personalidade geralmente são padrões generalizados e persistentes de pensar, perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional. Os transtornos de personalidade variam significativamente em suas manifestações, mas acredita-se que todos sejam causados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Padrão generalizado. Grave isso. Desde o inicio da vida adulta esse paciente tem um modo disfuncional de se relacionar com as pessoas.
Transtornos de personalidade existem quando esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal-adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Essas mal-adaptações sociais podem causar sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em volta delas. Para pessoas com transtornos de personalidade (ao contrário de muitos outros que procuram tratamento), o sofrimento causado pelas consequências dos seus comportamentos socialmente mal-adaptativos geralmente é a razão pela qual eles buscam tratamento, em vez de qualquer desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos.
Ou seja: o transtorno de personalidade é egossintônico, o que significa dizer que o paciente não percebe seu modo disfuncional de se relacionar com as pessoas. Ele pode sim buscar tratamento por outras questões: ansiedade, depressão, pânico ou um desconforto nas relações sociais e amorosas, mas normalmente acredita que o problema está no outro.
Eu faço uma analogia para transtornos de personalidade que eu acho que ajuda:
Imagine que você quebrou o braço direito e você é destra. Isso atrapalha sua vida? Te causa prejuízo? Com toda certeza. Você vai precisar da ajuda das pessoas para resolver algumas coisas mas outras talvez você consiga fazer com o outro braço, ainda que com dificuldade.
Agora imagina que você teve uma lesão na medula. Você não consegue mais andar e precisa de ajuda para absolutamente tudo. Sua vida inteira está afetada.
Quebrar um braço é um transtorno de humor, um quadro de ansiedade, transtorno de pânico por exemplo.
A personalidade é o que nos mantém de pé. É a nossa espinha dorsal. Ter uma lesão na coluna é um transtorno de personalidade. Afeta sua vida completamente. Isso é SOMENTE UMA ANALOGIA DIDÁTICA, OK?!
Cerca de 9% da população geral e até metade dos pacientes psiquiátricos em unidades hospitalares e ambulatoriais têm transtorno de personalidade.
Alguns são mais prevalentes em homens e outros em mulheres. Sobre o TP narcisista, ele é mais prevalente em homens e está no Grupo B (junto com antissocial, borderline e histriônica-porque todos esses carregam características em comum).
O transtorno de personalidade narcisista é caracterizado por um padrão generalizado de grandiosidade, necessidade de adulação e falta de empatia. Uma sensação exagerada e infundada da sua própria importância e talentos (grandiosidade)
Preocupação com fantasias de realizações ilimitadas, influência, poder, inteligência, beleza ou amor perfeito
Convicção de que eles são especiais e únicos e devem associar-se apenas com pessoas do mais alto calibre. Necessidade de ser incondicionalmente admirado. Exploração dos outros para alcançar objetivos próprios. Um padrão de comportamento de inveja ou de acreditar que é muito invejado pelos outros e também um comportamento muito arrogante.
Agora imagine como é conviver com uma pessoa assim?! MUITO MUITO MUITO DIFÍCIL.
Esses pacientes estão preocupados com fantasias de grandes realizações-de serem admirados por sua inteligência ou beleza avassaladora, de ter prestígio e influência ou de experimentar um grande amor. Eles sentem que devem se relacionar apenas com outros tão especiais e talentosos quanto eles mesmos, não com pessoas comuns.
Esse relacionamento com pessoas extraordinárias é utilizado para suportar e melhorar sua autoestima.
Como os pacientes com transtorno narcisista precisam ser admirados, sua autoestima depende da consideração i positiva dos outros e é, portanto, geralmente muito frágil.
As pessoas com esse transtorno frequentemente observam para ver o que os outros pensam deles e avaliar o quão bem eles estão fazendo. Eles são sensíveis e se chateiam com as críticas dos outros e pelo fracasso, o que faz com que se sintam humilhados e derrotados. Eles podem responder com raiva ou desprezo, ou podem contra-atacar violentamente. Ou eles podem se afastar ou aceitar externamente a situação em um esforço para proteger sua sensação de autoimportância (grandiosidade). Eles podem evitar situações em que podem falhar.
Logo o relacionamento com uma pessoa assim SEM TRATAMENTO é bastante complicado.
Paloma Soares | Psicóloga e Terapeuta de Casal
CRP 06/136122
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