AnteriorPróximo
No contexto da terapia de casal, é comum observar uma dinâmica recorrente em casais na faixa dos 35 a 55 anos, onde a mulher, muitas vezes, desperta para uma nova fase de autodescoberta e transformação. Esse movimento é quase como se, ao alcançar essa faixa etária, ela "apertasse um botão" interno que a leva a buscar mudanças, novos propósitos e um alinhamento maior com suas próprias necessidades e desejos.
Esse despertar pode estar relacionado a vários fatores: o amadurecimento emocional, o desejo de realização pessoal e profissional, a reavaliação do que realmente importa na vida, ou até questões biológicas como a proximidade da menopausa. Seja como for, o resultado é que muitas mulheres, nessa fase da vida, sentem uma necessidade intensa de ação e mudança.
Por outro lado, muitos homens tendem a se manter mais na zona de conforto, buscando estabilidade e mantendo rotinas que, para eles, parecem seguras e confortáveis. Essa diferença de ritmos e expectativas pode gerar conflitos no relacionamento. Para a mulher, a sensação pode ser de que o parceiro não a acompanha, não se envolve com suas novas metas e, em muitos casos, isso pode se transformar em um peso emocional, minando a conexão do casal.
Essa disparidade nas fases de vida pode trazer desafios, mas também oportunidades de crescimento. A terapia de casal pode ajudar a identificar essas dinâmicas e criar um espaço de diálogo onde ambos os parceiros possam compartilhar suas percepções, medos e desejos. A chave está em cultivar a empatia e o entendimento de que cada pessoa tem seu ritmo e, ao mesmo tempo, é possível construir um caminho de apoio mútuo. Quando há abertura e disposição para acompanhar e se adaptar às mudanças, o casal pode sair fortalecido dessa fase.
O importante é que, ao invés de o "despertar" de um dos parceiros se transformar em um ponto de distanciamento, ele seja visto como uma oportunidade de crescimento conjunto.
Paloma Soares | Psicóloga de Relacionamentos
Nuvem de Tags