Entre os sinais estão ciúmes, controle, afastamento de outras pessoas, invasão de privacidade, chantagem, invalidação dos sentimentos, ameaças e violência física
Pode acontecer entre casais, relações familiares, no ambiente de trabalho e até entre amigos, mas os dados oficiais mostram que o relacionamento abusivo e a violência doméstica acontecem com maior frequência em relacionamentos heterossexuais, onde as mulheres são maioria entre as vítimas, com maior número de mulheres negras.
Isso se dá devido à nossa sociedade patriarcal, machista e racista na qual inúmeras crenças, condutas e estruturas sociais foram construídas e enraizadas. Também há um número muito elevado de violência destinada a mulheres transsexuais.
O relacionamento abusivo pode começar de forma muito sutil. Veja aqui algumas pistas para saber se está num relacionamento saudável ou não e como avaliar a qualidade de uma relação.
O fato é que, aos poucos, o abusador vai minando a autonomia e a autoestima. Isolando a pessoa parceira da sua rede de apoio e dos seus amigos, afinal, uma pessoa sem rede de apoio tem muito mais dificuldade para sair dessa relação.
Ao identificar que está em uma relação abusiva, a vítima, geralmente, se sente envergonhada e culpada por estar nesta situação. Tudo isso dificulta a busca por ajuda. É importante compreender que não há culpa alguma em estar vivendo um abuso, seja ele de que tipo for.
Muitas vezes, a vítima identifica o relacionamento abusivo, mas tem uma dificuldade muito grande de assumir para si mesma. Inicialmente pode haver uma negação, pois se perceber neste lugar é realmente muito difícil e frustrante.
Há um ciclo do abuso em que, entre momentos de êxtase da relação, o abusador começa a ameaçar, humilhar, insultar, criando um ambiente de perigo que culmina em agressão física e/ou aumentam as agressões psicológicas.
Após o ápice do abuso, vem o arrependimento, o pedido de desculpas e a busca por uma reconciliação por parte do abusador.
Neste momento, geralmente vem as promessas de mudança para que a pessoa permaneça na relação e há um grande alívio da angústia vivida pela vítima, gerando uma sensação de bem-estar.
Isso faz com que se torne ainda mais difícil para quem sofre abuso sair dessa situação. Há, ainda, um grande medo de retaliação pelo abusador. Isso também dificulta o pedido de ajuda.
Você pode se perguntar como se sente quando está com aquela pessoa. Não existe um perfil padrão de abusador.
Existem perfis clássicos como um homem muito machista, mas também existem aquelas pessoas com personalidade muito doce e desconstruída, e que podem ser abusadoras.
Observe como você é tratada e respeitada. É a partir do diálogo, do comportamento que essa pessoa tem em relação a você e de como se sente com ela, que será possível responder à questão.
O primeiro passo é escolher uma pessoa para falar sobre isso. Pode ser uma pessoa amiga, uma terapeuta, ou até mesmo um desconhecido que te passe segurança. No momento em que você falar sobre o assunto, poderá se escutar e começar a compreender melhor o que você está vivenciando e, então, criar coragem e apoio para sair dessa situação.
Outro passo é o empoderamento da vítima. Isso pode ser feito na terapia ou na rede de apoio, mas é importante lembrar que, enquanto sofre abuso, a pessoa vai se isolando dos amigos e da rede apoio, das atividades de prazer e de seus projetos de vida.
Quanto menos ela faz coisas que te geram prazer fora do relacionamento, mais poder o abusador tem sobre ela. A pessoa fica totalmente imersa na bolha desse relacionamento.
A terapia é muito importante para sair de um relacionamento abusivo e também ajudar a lidar com o medo posterior de construir uma nova relação. Trabalhar a culpa e a vergonha de ter estado naquela situação é outro ponto da terapia, que vai incentivar e apoiar a vítima a retomar e criar projetos, ter contato com os amigos, e encontrar caminhos para suas capacidades e potencialidades.
Paloma Soares | Psicoóloga
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